Germinal
O Bicho
“Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem”. Manuel Bandeira
“Um grupo de mineiros miseráveis de uma pequena vila francesa trabalha de sol a sol sem nenhum direito. O casal Maheu e o jovem idealista Étienne Lantier lideram uma greve que evolui para um confronto e culmina em consequências trágicas.”
O filme Germinal (direção Claude Berri, 1993) é um filme bastante forte sobre as relações e condições humanas, retrata sobretudo o espírito de luta pela classe dos trabalhadores de uma mina que vivem em condições sub-humanas, passando muitas vezes por grandes constrangimentos; a todo tempo no decorrer do filme é notório perceber que até o espaço onde as pessoas vivem pertence a classe burguesa. Na relação patrão X trabalhador é muito presente a degradação humana, assim como a relação que existe entre outros personagens do filme. O papel da mulher também é algo peculiar, mostra muito a mulher exercendo a função de doméstica, cuidar dos filhos, alimentar e dar banho no marido é bastante comum.
A classe mineradora após reconhecer as péssimas condições de trabalho a qual é submetida decide lutar por justiça, inicia-se uma greve, porém as consequências são trágicas muita gente acaba morrendo e outras coisas são perceptíveis, de um lado a luta por justiça, por melhores condições de trabalho e de vida é lindo de ver, por outro aos poucos a violência vai tomando conta, os desejos dos trabalhadores e os acordos com a burguesia não tendo resultados; o sentimento de miséria e incapacidade volta a reinar sobre os mineradores não tendo outra opção a não ser a volta ao trabalho, o regresso, a subordinação. Tal filme me mostrou de forma mais clara como é difícil por mais que haja esperança reinar contra a maré, a luta e o desejo pela justiça gerou tantas mortes e tantas decepções por parte dos idealizadores que a crença em um mundo melhor se torna cada vez mais distante, e o atual estado de exceção ao qual vivemos é mais próximo de aceitação e conformismo do que a veracidade do espírito de luta.